Juan Carlos Kusnetzoff
O destaque sexualmente é que queremos deixar bem claro que é difícil ser sexualmente feliz, se não houver felicidade emocional em qualquer campo da vida em comum.
A comunicação, o intercâmbio de opiniões, de gostos, de desejos íntimos, é componente essencial das boas relações conjugais. Quando existem essas características, é muito fácil querer ir para a cama com o parceiro ou parceira. É possível compartilhar a sensibilidade, o intercâmbio corporal e as emoções simultâneas, se já houve uma experiência semelhante em outras atividades, se já foram compartilhadas outras pequenas ou grandes sensações, fatos, dificuldades cotidianas…
Em tais circunstâncias, o ato sexual adquire características de uma festa, um ritual sumamente simples, talvez o primeiro a que o ser humano teve acesso. O ato sexual se converte, desse modo, em um momento relaxante, de íntima união, em que, por um instante, ficam entre parênteses as preocupações e os desgostos. Não existe, nesse ato sexual assim concebido, nenhum planejamento. Ambos os membros do casal se interpenetram mutuamente, mas muito além do ato genital que consiste na introdução de uma parte do corpo – o pênis – dentro de outra – a vagina. Existe algo assim como uma transfusão mútua de sensualidade, de ternura e, sobretudo, de zelo um pelo outro. Há um provérbio que explica plenamente esse quadro: “Amor é zelo e cuidado, muito bem cuidado”.
No casal em que há falhas, total ou parcialmente, na sexualidade, não existe esse intercâmbio global. Há desconfiança, rancor mútuo; não faltam as discussões e as acusações. Cada um considera que o outro é o responsável por sua infelicidade. Em certos casos, é o contrário. Um dos membros do casal se auto acusa, bem além do razoável, constituindo-se, assim, um quadro que se instala com características fortemente patológicas.
No que se refere à experiência sexual em si, o comum nos casais estremecidos é a negativa de um dos membros a proporcionar prazer ao outro, tanto em quantidade como em qualidades suficientes. Muitas vezes, há pensamentos profundamente enraizados nos casais, verdadeiros mitos compartilhados, que se erguem como obstáculos ao entendimento e à compreensão mútua.