21 jun Transtorno de pânico: muito além da ansiedade diária
Charles H. Elliott e Laura L. Smith
É claro que todo mundo sente um pouco de pânico de tempos em tempos. Muitas vezes as pessoas dizem que setem pânico a respeito de um prazo próximo, uma apresentação iminente ou a organização de uma festa. É provável que você ouça o termo sendo usado para descrever preocupações sobre acontecimentos tão mundanos como esses.
Mas as pessoas que sofrem de transtorno de pânico está falando sobre fenômenos totalmente diferentes. Elas têm períodos de medo e ansiedade assustadoramente intensos. Se você nunca teve um ataque de pânico, acredite em nós, você não quer um. Os ataques costumam durar cerca de dez minutos e muitas pessoas que os têm acreditam plenamente que vão morrer quando ele ocorre. Não são exatamente os melhores dez minutos de suas vidas. Os Ataques de pânico normalmente incluem uma série de sintomas vigorosos e que chamam a atenção, tais como
Batimento cardíaco irregular, rápido ou pesado
Transpiração
Uma sensação de asfixia, sufocamento ou falta de ar
Vertigem ou sensação de desfalecimento
Dor ou outro desconforto no peito
Uma sensação de que os eventos são irreais ou uma sensação de destacamento
Dormência ou formigamento
Ondas de calor ou de frio
Um medo de morte iminente, embora sem base na realidade
Náuseas ou distúrbios estomacais
Pensamentos de estar enlouquecendo ou perdendo completamente o controle
Os ataques de pânico começam com um evento que desencadeia algum tipo de sensação, como esforço físico ou variações normais nas reações fisiológicas. Esse evento desencadeador induz reações fisiológicas, tais como níveis aumentados de adrenalina. Nenhum problema até agora.
Mas o processo, que de outra maneira seria normal, dá errado no passo seguinte – quando a pessoa que sofre de ataques de pânico interpreta mal o significado dos sintomas físicos. Em vez de ver os sintomas físicos como normais, a pessoa com transtorno do pânico os vê como um sinal de que algo perigoso está acontecendo, tal como um ataque cardíaco ou derrame. Essa interpretação leva a um medo crescente e, portanto, a mais excitação física. Felizmente, o corpo consegue tolerar tais respostas físicas elevadas apenas por um tempo determinado, de forma que ele enfim se acalma.
Profissionais dizem que, para ser um transtorno de pânico estabelecido, os ataques de pânico devem ocorrer mais de uma vez. Pessoas com transtorno do pânico se preocupam quando o próximo ataque vai acontecer e se elas perderão o controle. Elas muitas vezes começam a mudar suas vidas, evitando certos lugares ou atividades.
A boa notícia: muitas pessoas têm um único ataque de pânico e nunca mais têm outro. Portanto, não entre em pânico se você tiver um ataque desses. A história de Maria é um bom exemplo de um único ataque de pânico.
Maria resolveu perder 10 quilos fazendo exercícios e cuidando da alimentação. Em sua terceira visita á academia, ela programou a esteira para o nível seis. Seu ritmo cardíaco acelerou quase que imediatamente. Alarmada, ela diminuiu o nível para três e começou a inspirar de forma rápida e curta, mas sentido que não conseguia ar suficiente. Suando em bicas e se sentindo enjoada, ela parou a máquina e cambaleou para o vestiário. Ela se sentou, mas os sintomas se intensificaram e sentiu seu peito apertar. Maria queria gritar, mas não conseguia inspirar ar suficiente. Ela tinha certeza de que ia desmaiar e esperava que alguém a encontrasse antes que morresse de um ataque cardíaco. Ela ouviu alguém e, de forma frágil, pediu ajuda. Uma ambulância a levou rapidamente para uma emergência nas proximidades.
Na emergência, os sintomas de Maria diminuíram e o médico explicou os resultados de seu exame. Ele disse que ela aparentemente sofrera um ataque de pânico e perguntou sobre o que poderia tê-lo desencadeado. Ela respondeu que estava se exercitando devido a preocupações com seu peso e saúde.
“Ah, isso explica tudo!”, o médico tranquilizou. “Suas preocupações sobre a saúde deixaram-na hipersensível a qualquer sintoma físico. Quando seu ritmo cardíaco aumentou naturalmente na esteira, você ficou alarmada. Esse medo fez com que seu organismo produzisse mais adrenalina, o que, por sua vez, criou mais sintomas. Quanto mais sintomas você teve, mais seu medo e adrenalina aumentaram. Saber como isso funciona pode ajudá-la; espero que, no futuro, as variações físicas normais de seu corpo não a assustem. Seu coração está em ótima forma. Volte a se exercitar.”
“Além disso, você pode experimentar algumas técnicas simples de relaxamento; vou pedir que a enfermeira venha e a informe sobre elas. Tenho todas as razões para acreditar que você não terá outro episódio como esse. Por fim, pode ser que você precise buscar apoio psicológico para aprender mais.
Maria não tem um diagnóstico de transtorno de pânico porque não teve mais de um ataque e pode ser que nunca mais venha ter outro. Se ela acreditar no médico e aceitar seu conselho, da próxima vez que seu coração acelerar, ela provavelmente não se assustará tanto. Ela pode ainda usar as técnicas de relaxamento que a enfermeira lhe explicou e buscar apoio psicológico e psiquiátrico.