Preocupações com o trabalho

Robert Leahy

Muitas pessoas que se preocupam com o trabalho temem não conseguir concluir algo, ser criticadas pelos chefes ou colegas ou ser demitidas. Existem fatores sociais e econômicos que têm contribuído para essa crescente ansiedade em relação ao trabalho – as rápidas transformações na economia fazem com que algumas de nossas habilidades tornem-se obsoletas, as empresas se fundem e reduzem o números de empregados e há redução de comunidades civis, tais como grupos religiosos, grupos de interesse e participação em organizações políticas.

[…] há uma tendência de se preocupar, com o propósito de se motivar a se esforçar mais e a evitar ser pego de surpresa. Contudo, a preocupação com o trabalho pode levá-lo a personalizar, fazer leitura mental e tirar conclusões precipitadas que não têm fundamento. Essas ansiedades interferem no desempenho e, em alguns casos, resultam em esgotamento. Frequentemente, temos  visão em túnel – a ideia de que o trabalho é tudo e que não há sentido ou possibilidade na vida além dele. Nosso medo de fracassar resulta na incapacidade de aceitarmos feedback construtivo como oportunidade de aprender, o que pode resultar no medo de que comentários negativos do chefe revelem a incompetência subjacente à nossa fachada de competência.

Nenhuma quantidade de trabalho duro ou mudança de perspectiva consegue eliminar a possibilidade de que você venha, em algum momento, a perder o emprego. Funcionários excelentes e produtivos perdem os empregos todos os dias. Preocupar-se com isso, no entanto, não aumenta suas chances de permanecer no emprego atual. Você pode usar a aceitação, o treino da incerteza e a construção de alternativas no mercado de trabalho como estratégias para lidar com possibilidades que eventualmente estejam além de seu controle. Na verdade, normalizar a fluidez do mercado de trabalho – em que pessoas entram e saem de diferentes empresas – talvez seja a visão mais realista.

Criar alternativas de trabalho vai ajudá-lo a colocar seu emprego em perspectiva. Vai ajudá-lo também a se distanciar, quando necessário, e a desenvolver estratégias para encontrar um emprego ainda melhor, mais lucrativo e mais significativo. Em vez de se preocupar por se ver como vítima de autoridade e avaliação, você pode começar a desenvolver ideias estratégicas para assumir o controle de seus próprios comportamentos e sentimentos. Pode ganhar alternativas em significado ao equilibrar o trabalho com a participação em uma comunidade mais ampla – obtendo apoio de amigos, da família e de organizações civis. Afastar-se do trabalho regularmente faz as poucas preocupações com ele parecerem menos essenciais.

Outra fonte de preocupação e ruminação é nossa tendência a ver os conflitos no trabalho ou as críticas como indicações de que estamos sendo tratados injustamente. Certamente, deveríamos valorizar sermos tratados com justiça, mas isso nem sempre é plausível em um ambiente profissional. Além disso, o que vemos como justiça outra pessoa pode ver como feedback necessário ou simplesmente como “o jeito que as coisas são”. Pode ser necessário, às vezes, deixar um emprego em que o ambiente de trabalho é opressivo, mas este é raramente o caso, em minhas estimativas, para pessoas que estão preocupadas com trabalho. Ao contrário, a intolerância ao feedback crítico e a exigência de ser reconhecido e respeitado o tempo todo no trabalho aumentam a ruminação e a insegurança.

Flávio Hastenreiter
flaviohastenreiter@gmail.com