Avaliação psicológica antes da Cirurgia Bariátrica

Flávio Hastenreiter

“A cirurgia bariátrica e metabólica – também conhecida como cirurgia da obesidade, ou, popularmente, redução de estômago – reúne técnicas com respaldo científico destinadas ao tratamento da obesidade e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele. O conceito metabólico foi incorporado há cerca de seis anos pela importância que a cirurgia adquiriu no tratamento de doenças causadas, agravadas ou cujo tratamento/controle é dificultado pelo excesso de peso ou facilitado pela perda de peso – como o diabetes e a hipertensão –, também chamadas de comorbidades” (Fonte: Saúde Plena).

A necessidade da avaliação psicológica para se submeter à cirurgia bariátrica é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, por meio das Resoluções nº 1766/05 e nº 1942/10, que definem indicações, procedimentos e equipe. Nesse sentido, a presença do psicólogo na equipe de cirurgia bariátrica é obrigatória.

Para além do aspecto legal, a necessidade da avaliação psicológica antes do paciente se submeter à cirurgia bariátrica é fundamental por diversos motivos, tais como: a necessidade do paciente de reorganizar os seus hábitos de vida, principalmente os relacionados à alimentação e, que a cirurgia irá afetar a percepção da imagem corporal que o paciente tem de si mesmo, acarretando assim, mudanças comportamentais e sentimentais, entre outras.

O histórico de pessoas que buscam pela cirurgia bariátrica é, geralmente, marcado por diversas tentativas, sem sucesso, para emagrecer. Em muitos aspectos, o insucesso é devido ao fato de a obesidade ser uma doença crônica e de características multifatoriais. O insucesso também está relacionado ao uso métodos alternativos, sem comprovação de eficácia. Além disso, de características cognitivas, comportamentais e afetivas com relação à alimentação, que prejudicam a aderência, mesmo a tratamentos eficazes.

Nesse sentido, a cirurgia bariátrica é o último recurso de tratamento para a obesidade, isto é, quando todos os tratamentos clínicos – psicológicos, psiquiátricos, nutricionais e endócrinos, não foram suficientes.

É necessário entender que esta cirurgia não se trata apenas de um tratamento estético, mas de um recurso médico para tratamento de uma doença. Isso se faz importante, pois os pacientes, geralmente, pensam apenas nos benefícios estéticos e, por isso, não se atentam para o fato de que apenas a cirurgia em si não será suficiente para o sucesso do tratamento. É necessário empenho do paciente pós-cirurgia na mudança completa de seus hábitos de vida. Muitos pacientes, após a cirurgia, abandonam as consultas e voltam a engordar.

Por isso, para além da avaliação psicológica – que será um recurso para atestar o estado mental para a cirurgia e as condições de reorganização de hábitos de vida pós-cirurgia, mediante avaliações específicas –, é necessário se atentar para a continuidade das consultas médicas; a necessidade da reeducação alimentar (nutricionista); para a necessidade do acompanhamento psicológico (psicoterapia) após a cirurgia e, se for caso, antes da cirurgia; para a necessidade da realização de atividades físicas; entre outras mudanças e atitudes após a cirurgia.

A psicoterapia é um recurso que auxilia os pacientes a lidar com pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais em relação a seus hábitos de vida.

Portanto, o tratamento não termina com a cirurgia!

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Flávio Hastenreiter
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