Autossabotagem, você se identifica?

Luciana Kotaka, Estadão

Se você acredita que está tudo dando errado em sua vida e não consegue entender, vale a pena reavaliar comportamentos.

Alguma vez você se deu conta de que perdeu uma prova, uma entrevista de emprego ou até o voo porque não se organizou? Todas as situações acima são importantes, porém por algum motivo você deslizou e colocou tudo a perder.

Parece estranho a primeira vista, porém aposto que já identificou alguém que conhece. Sabotar-se pode ser uma doença, tem pessoas que sentem prazer pelo desprazer, acabam favorecendo e complicando a vida.

Sentir dor e enfrentar dificuldades se torna um vício, e muitos não conseguem viver tranquilamente, serem felizes. Essa reação é provocada pelo inconsciente que faz com que a pessoa se sinta atraída por situações que impeça de crescer, ter sucesso e até um ter amor.

Normalmente o comportamento de se autossabotar tem origem no contexto familiar que é onde construímos nossas referências, sendo a base de percepção que teremos no mundo, incluindo traumas, assimilação de traços da personalidade, sentimento de abandono, rejeição, culpa, baixa autoestima, etc.

Veja abaixo se você se identifica:

– O sujeito não tem nem ideia de como melhorar, pois não enxerga as oportunidades, não há ação e nem resultados. A pessoa acredita que está acima do peso e nada do que fizer irá mudar. Coloca culpa em vários outros fatores e se acomoda se colocando no papel de vítima.

– Apesar de ter ideias não coloca em prática. Os sentimentos e comportamentos são de procrastinação, sentimento de culpa, vitimização. Fica somente no sonho. Sente-se culpado, lamenta por não conseguir colocar em prática. A pessoa sabe o caminho, porém não tem força para mudar.

– As ideias estão presentes e consegue colocar algumas ações em prática, mas aquém do que desejava, não persiste. Os resultados são fracos, desanima e desiste. Nesse momento busca ajuda, mas desiste muito antes de obter resultados efetivos, às vezes nem chega a olhar para a prescrição alimentar recebida ou tentar mudanças que são propostas em psicoterapia.

– O sujeito tem ideias e consegue colocá-las em prática, mantém-se persistente e encontra a solução dos problemas pela criatividade. Nesse ponto perdem peso e ao identificarem essa perda na balança, fazem de tudo para dar errado, comem para se premiarem, autossabotam-se pelo medo de serem felizes.

A psicoterapia é a modalidade terapêutica indicada para casos que envolvam processos inconscientes e conscientes de comportamento. É necessário que a pessoa que apresenta esse comportamento tenha determinação em buscar mudanças de hábitos e atitudes, em arriscar novos comportamentos, pois se as crenças e padrões continuarem se repetindo, o sujeito continuará passando a rasteira em si mesmo.


Publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 18/09/2016 por Luciana Kotaka.

Flávio Hastenreiter
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