21 jun ANSIEDADE: aceitar o que vem e fazer o que importa
Lizabeth Roemer e Susan M. Orsillo
Ansiedade e medo são respostas humanas naturais. Sentimos medo quando somos confrontados com ameaça ou perigo imediatos, como quando estamos parados na rua e ouvimos um ônibus frear enquanto dispara em nossa direção. Nossos corpos vivenciam uma resposta de luta-ou-fuga, com nossos batimentos cardíacos aumentando, as palmas das mãos suando e o sangue correndo para nossos membros a fim de que possamos tomar uma ação imediata para escapar da ameaça e nos mantermos seguros. Em face de perigo real, essa é uma resposta adaptativa. Entretanto, essas mesmas sensações de pânico podem surgir na ausência de uma ameaça verdadeira, evocadas pela memória de um acontecimento passado ou de um perigo futuro imaginado, preparando-nos para lutar ou fugir quando nenhuma ação clara é necessária. Além disso, o envolvimento pleno na vida com frequência requer que estejamos perto de ameaças reais, como aceitar um desafio na carreira quando há a possibilidade de falharmos ou assumir um risco social quando há a possibilidade de sermos rejeitados. Nessas situações, nossas predisposições biológicas de evitar perigo e buscar segurança podem não ser as respostas ideais. Vivenciamos ansiedade de modo natural quando antecipamos uma situação potencialmente ameaçadora: sentir-se apreensivo, preocupar-se com possíveis resultados negativos e sentir-se no limite ou vigilante. Essas respostas também podem ser úteis; às vezes elas podem ajudar a nos planejarmos contra possíveis dificuldades e considerar formas de minimizar algum possível dano ou perda. Entretanto, quando a apreensão ansiosa e a preocupação se tornam hábito, podemos perder o contato com o momento presente, e a preparação constante para ameaças futuras pode corroer nossa qualidade de vida.
Embora medo e ansiedade sejam respostas inevitáveis e naturais à vida, as mensagens que elas nos enviam podem ser confusas. Sentimos o impulso de fugir do perigo quando não há ameaça clara presente. Sentimo-nos compelidos a controlar o futuro, a despeito do fato de que muitos aspectos estão além de nosso controle. Portanto, não é surpresa que muitas vezes respondamos ao nosso próprio medo e à nossa própria ansiedade com julgamento e crítica, encarando nossos pensamentos e emoções como um sinal de fraqueza ou fracasso que nos impedirá de viver uma vida pacífica e gratificante.
Embora possamos aprender a responder a situações, pensamentos e sentimentos com apreensão, julgamento e esquiva, também podemos aprender a cultivar uma resposta atenta, compassiva e receptiva à nossa experiência. A prática de nos voltamos de forma gentil a nossos sentimentos e sensações ansiosos, com bondade e compaixão, enquanto damos atenção contínua ao momento presente mesmo quando ele repetidamente se desvia em direção a acontecimentos futuros imaginados, temidos, pode ajudar a neutralizar respostas ansiosas aprendidas e a promover satisfação de vida. Aprender a aceitar quaisquer experiências internas que surjam (p. ex., sensações de pânico, pensamento dos julgamentos dos outros, preocupações sobre o futuro), em vez de tentar suprimi-las ou evitá-las, pode, paradoxalmente, reduzir o sofrimento e apressar a recuperação de episódios ansiosos. Essas estratégias podem nos ajudar a sair do retraimento e da limitação de nossas vidas para vidas mais próximas e plenas.